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Associação que denunciou caso da agressão a criança nepalesa afirma que “verdade será apurada”

16 mai, 2024 - 08:55 • João Carlos Malta

Depois de a Renascença ter noticiado o caso do menino nepalês agredido violentamente numa escola de Lisboa por colegas, através de uma denuncia da diretora-geral do Centro Padre Alves Correia (CEPAC), as últimas horas ficaram marcadas por comunicados contraditórios entre aquela instituição da Igreja e o Ministério da Educação.

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A diretora-geral do Centro Padre Alves Correia (CEPAC), Ana Mansoa; que denunciou um caso de agressão com motivações racistas a um menino nepalês de nove anos, reafirma, numa troca de mensagens escritas com a Renascença “que está em colaboração com as autoridades competentes” e acrescenta que “a verdade será apurada”.

Num comunicado divulgado, já na tarde desta quinta-feira, por fonte oficial do CEPAC está escrito que Foi transmitida às entidades competentes informação precisa para apuramento dos factos alegados.

A mesma comunicação diz que "é nossa preocupação preservar o anonimato público da criança envolvida e sua família". E o CEPAC reafirma que está "totalmente disponíveis para colaborar, mas consideramos que a exposição nos meios de comunicação social apenas prejudicará o bem-estar da criança".

"O Centro Padre Alves Correia não prestará mais declarações sobre o caso aos meios de comunicação social e apela ao respeito pela privacidade da criança e sua família e demais partes envolvidas", termina o comunicado.

Na noite de quarta-feira, em comunicado, o Ministério da Educação avançou que nenhuma escola de Lisboa reportou um caso semelhante ao denunciado pelo CEPAC. Perante a insistência da Renascença com mais questões sobre o conteúdo das informações veiculadas pelo Ministério, Ana Mansoa voltou a responder: “Remetemos para o comunicado. Estamos a colaborar com as autoridades competentes na transmissão de informação sobre o caso.”

Antes, na quarta-feira, o CEPAC tinha escrito que está a cooperar com as autoridades nas diligências do caso do menino nepalês, de nove anos, agredido com violência numa escola de Lisboa por um grupo de seis colegas menores.

"Os factos foram disponibilizados às autoridades competentes, a quem caberá fazer o seguimento da situação", informa o CEPAC na nota escrita.

No mesmo comunicado, a instituição da igreja que apoia imigrantes apela "ao respeito pela privacidade da família e outras partes envolvidas, e em particular das vítimas do episódio sucedido".

O CEPAC, que pertence aos Missionários do Espírito Santo, uma congregação missionária que trabalha sobretudo em África, considera ser da maior importância uma maior sensibilização da sociedade portuguesa e um debate responsável e construtivo na opinião pública "sobre estes fenómenos de violência, discriminação, racismo, xenofobia, alertando para a sua existência".

Mais tarde, ao final da noite, o ministério da Educação, anunciou que identificou a escola onde decorreu a agressão a um menino nepalês, noticiada pela Renascença, mas que esta não tem registo de "qualquer ocorrência disciplinar".

Em comunicado, o Ministério afirma que a Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares "contactou os agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas do concelho de Lisboa, não tendo sido identificada por estes nenhuma situação semelhante" à noticiada pela Renascença.

"Após insistência", explica o gabinete de Fernando Alexandre, o Centro Padre Alves Correia (CEPAC) colaborou no apuramento do estabelecimento em causa, na Amadora.

Segundo o Governo, a direção da escola informou então que "os únicos alunos de nacionalidade nepalesa a frequentar o agrupamento estão no Ensino Secundário", disse ainda "desconhecer por completo o alegado episódio ou qualquer situação semelhante" e que não recebeu "qualquer participação sobre um ato idêntico".

"Não existe, por isso, qualquer ocorrência disciplinar registada", diz o Ministério da Educação.

O ministério acrescenta ainda que "a Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares do Ministério da Educação, Ciência e Inovação contactou os agrupamentos de escolas e as escolas não agrupadas do concelho de Lisboa, não tendo sido identificada por esta nenhuma situação semelhante à relatada na comunicação social sobre um alegado linchamento a um aluno de 9 anos, de nacionalidade nepalesa, numa escola de Lisboa".

À Renascença, a diretora-geral do Centro Padre Alves Correia, Ana Mansoa denunciou a existência de um caso de linchamento de um menino nepalês de nove anos por cinco colegas que foi filmado por um sexto e colocado nas redes sociais.

Ana Mansoa criticou a escola pela forma como lidou com o caso. A diretora do CEPAC diz que a instituição não valorizou devidamente as agressões, e apenas um dos alunos envolvidos foi suspenso por três dias.

[a notícia foi atualizada, às 15h00, com novos dados do segundo comunicado da CEPAC sobre o caso da agressão ao menino nepalês]

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  • Sofia
    16 mai, 2024 Lisboa 12:57
    Fica provado que a diretora-geral do Centro Padre Alves Correia (CEPAC), Ana Mansoa, inventou e plantou uma notícia falsa nos meios de comunicação social. Espero que seja investigada e julgada por isso.
  • André
    16 mai, 2024 Linda-a-Velha 08:25
    Com estas versões contraditórias cabe aos jornalistas apurar a verdade. Caso haja meios e tempo para investigar, os ouvintes e leitores agradecem esse trabalho.

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