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Gangues tentam assumir controlo de aeroporto no Haiti

05 mar, 2024 - 16:55 • Redação

Este foi o último dos ataques recentes a instalações oficiais, numa sequência de revolta violenta que inclui uma fuga em massa das prisões do país.

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Gangues armados tentaram assumir o controlo do principal aeroporto internacional do Haiti, esta terça-feira, o que espoletou um conflito armado as forças de segurança.

Algumas testemunhas relatam ter ouvido tiros nas proximidades do Aeroporto Toussaint Louverture. Jornalistas da Associated Press viram um camião blindado a disparar para tentar impedir a entrada dos criminosos no aeroporto, enquanto vários funcionários e outros trabalhadores fugiam.

Este foi o último dos ataques recentes a locais importantes do governo, numa sequência de revolta violenta que inclui uma fuga em massa das prisões do país.

O ataque ocorreu poucas horas depois das autoridades terem ordenado recolher noturno obrigatório, após membros de gangues armados terem invadido as duas maiores prisões do Haiti e libertado milhares de reclusos no fim de semana. Cerca de 12 pessoas foram mortas neste ataque.

No domingo foi declarado estado de emergência de 72 horas, enquanto o Governo tentava localizar os presos fugitivos, inclusive de uma penitenciária onde a grande maioria estava em prisão preventiva, sendo alguns acusados de assassinatos, sequestros e outros crimes.

“A polícia recebeu ordens no sentido de usar todos os meios legais à sua disposição para fazer cumprir o recolher obrigatório e prender todos os infratores”, disse, em comunicado, o ministro das Finanças, Patrick Boivert, primeiro-ministro interino.

O objetivo dos ataques é impedir o regresso do primeiro-ministro do Haiti, Ariel Henry, que está em visita oficial ao Quénia. A violência aumentou durante sua ausência, com grupos de gangues a exigir a sua renúncia.

O primeiro-ministro, Ariel Henry, pediu à comunidade internacional que enviasse tropas para ajudar a combater as gangues. No entanto, um plano para o Quénia enviar 1.000 agentes da polícia foi bloqueado pelo Supremo Tribunal Queniano.

O seu paradeiro atual não é conhecido, mas um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA disse que “é nosso entendimento que o primeiro-ministro irá regressar ao país [Haiti]”.

O líder do gangue conhecido como "Barbecue" tem pedido a demissão de Ariel Henry desde que o primeiro-ministro tomou posse, em julho de 2021, como sucessor do presidente Jovenel Moïse, que foi assassinado por mercenários colombianos, o que veio agravar a crise política no país.

Num vídeo publicado nas redes sociais, o grupo Barbecue declarou na semana passada que “o principal objetivo da nossa luta é garantir que o Governo de Ariel Henry não permaneça no poder”.

Estima-se que os gangues já detenham controlo até 80% da capital do Haiti, Port au Prínce.

O jornal haitiano Le Nouvelliste relata que os voos comerciais internacionais e nacionais foram suspensos nos últimos dias devido aos ataques.

A maioria dos residentes da capital ficou em casa, com apenas algumas pessoas a aventurarem-se a sair ir buscar bens essenciais como água potável ou comida, informou a agência de notícias AFP.

Estima-se que 15 mil pessoas tenham sido deslocadas das suas casas nas últimas semanas devido à violência.

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