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Quase 600 mil pessoas sofrem de asma em Portugal. A maioria não tem a doença controlada

30 abr, 2024 - 07:50 • Anabela Góis , Olímpia Mairos

A falta de médicos de família tem impacto na doença ao nível da prevenção. Uma realidade que foi verificada na Região de Lisboa e Vale do Tejo.

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Perto de 600 mil adultos (7,1% da população) sofrem de asma em Portugal e dois terços não têm a doença controlada.

As conclusões são do estudo Epi-Asthma, o primeiro sobre asma em Portugal, que arrancou em 2021 e decorreu em todo o continente para determinar a prevalência da doença e caracterizar o perfil do asmático.

À Renascença, João Fonseca, investigador principal, assume que os resultados do estudo foram uma surpresa pela negativa.

Verificamos que destes 7,1% de portugueses, dois terços não tinham a asma bem controlada, é um pouco mais do que os estudos passados, o que também é normal, tendo em conta que estamos a falar de um estudo onde pós-pandemia, mas por outro lado, é menos expectável, tendo em conta que os tratamentos que existem são capazes de tratar bem a asma e que os doentes não têm qualquer tipo de interferência na sua qualidade de vida”, indica.

As conclusões do estudo Epi-Asthma, que são divulgadas esta terça-feira, também mostram que ainda há portugueses que, apesar dos sintomas e das interferências na qualidade de vida, não têm a doença diagnosticada nem tratada.

Mais casos nas maiores áreas urbanas

Apesar de este estudo ter sido feito para grandes regiões é possível concluir que há mais casos de asma não controlada nas maiores áreas urbanas com mais poluição.

Segundo João Fonseca, “as diferenças parecem ter a ver com as questões das áreas mais urbanas e com maior a poluição atmosférica que parecem influenciar um bocadinho a prevalência e ainda mais a falta de controle”.

Nestas declarações à Renascença, o investigador assinala que a falta de médicos de família tem impacto na doença ao nível da prevenção. Uma realidade que foi verificada na Região de Lisboa e Vale do Tejo.

“Principalmente a região de Lisboa e Vale do Tejo tem, de facto, essa influência da falta de médicos de família, mas seguramente o que nós temos observado é que o acesso aos cuidados de saúde tem um impacto grande principalmente naquilo que é a prevenção, ou seja, este tipo de doenças crónicas, com crises, com agudizações devem ser prevenidas essas agudizações e não ser feito aquilo que ainda infelizmente vai acontecendo, que é muito o tratamento de crise em crise, em serviços de urgência, ou em atendimentos não programados”, aponta.

Casos mais graves são os menos controlados

Outro dado curioso deste estudo é que são os casos mais graves da doença que estão menos controlados.

Principalmente aqueles que já estão a fazer tratamentos e, às vezes com tratamentos já moderados, são aqueles que mais precisam de melhores cuidados para se conseguir o controlo. Isto é, os mais ligeiros estão melhor do que aqueles que têm a patologia mais intensa e até já estão com medicação prescrita mais importante”, indica o especialista.

O estudo Epi-Asthma foi implementado por um consórcio do qual fazem parte o Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde, da Universidade do Minho, o Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde, da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, e a AstraZeneca.

A implementação do estudo decorreu em todo o território continental, e contou com uma unidade móvel em articulação com médicos de 38 unidades de saúde dos cuidados primários de todo o país.

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