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Espanha

Crise política em Espanha “não será para muito breve”, diz Diogo Noivo

29 abr, 2024 - 14:52 • André Rodrigues , Vítor Mesquita com Isabel Pacheco

Politólogo analisa o discurso de Pedro Sanchéz, que anunciou esta segunda-feira que se mantem à frente do governo espanhol, apesar da investigação (já arquivada) à mulher.

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Na leitura do politólogo Diogo Noivo, uma crise política em Espanha não está para breve. No imediato, o discurso do primeiro-ministro espanhol não tem outra consequência que não seja o adensar da polarização.

Pedro Sanchéz anunciou esta segunda-feira que não se demite do cargo após as suspeitas de corrupção e de tráfico de influências contra a mulher - que foram entretanto arquivadas.

“Sanchéz procura uma espécie de inabilitação moral e política da oposição e a oposição considera-o uma espécie de ditador. Há uma fratura enorme na sociedade espanhola, que se vai aprofundar. Terá as suas consequências, mas não será para muito breve”, aponta Diogo Noivo, em declarações à Renascença.

Com eleições na Catalunha em maio, o especialista em política espanhola entende que Sanchéz precisa deste ambiente de polarização para garantir a governabilidade.

“A única forma de manter a coesão e de ter alguma capacidade política é através da polarização, criando a lógica do bom 'versus' mau, elite 'versus' povo, autoritários contra democratas”, explica o investigador, que defende que Sanchéz precisa deste ambiente de polarização para garantir a governabilidade, sobretudo “tendo em conta que a 12 de maio há eleições na Catalunha que vão ser muito importantes”, sublinha.

Após cinco dias de reflexão, o primeiro-ministro espanhol anunciou, esta segunda-feira, que continua à frente do governo, apesar da investigação - já arquivada - contra a sua mulher por alegado trafico de influências e corrupção.

Num discurso ao país, esta segunda-feira, o Presidente do Executivo, que viu a mulher acusada de corrupção e tráfico de influências na sequência de uma queixa de uma organização conotada com a extrema-direita, admite que os ataques "não vão parar", mas que o elemento mais relevante é "o dano aos valores da Democracia e do Estado de Direito".

Sánchez agradeceu aos apoiantes que se manifestaram nas ruas, este sábado e domingo, e referiu que estas demonstrações "influenciaram a decisão" de se manter à frente do Governo.

O Ministério Público pediu no dia seguinte à apresentação da queixa o arquivamento da mesma, por considerar não haver indícios de delito que justifiquem a abertura de um procedimento penal.

O líder do PSOE e do Governo de Madrid disse que ele próprio e a mulher, Begoña Gómez, estão há meses a ser vítimas da “máquina de lodo” da direita e da extrema-direita.

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