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Reino Unido começa a deportar migrantes para o Ruanda

29 abr, 2024 - 08:11 • Alexandre Abrantes Neves , Olímpia Mairos

Mónica Farinha, do Conselho Português dos Refugiados, alerta que com as europeias à porta, a decisão do Reino Unido pode abrir um precedente perigoso.

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Depois de meses de discussão, começa esta segunda-feira a deportação de migrantes para o Ruanda.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico, apesar das críticas de ONGs, diz que o Ruanda é um país seguro e que a medida é essencial para travar imigração ilegal pelo Canal da Mancha. A estratégia vai passar por deter os refugiados que compareçam em reuniões de rotina nos serviços de imigração.

À Renascença, Mónica Farinha, do Conselho Português dos Refugiados, diz que a decisão viola várias convenções do direito internacional.

“A Convenção de Genebra de 51, a legislação da União Europeia, e as legislações nacionais preveem que um requerente até pode chegar irregularmente a um território. Reconhece que muitas vezes isso é determinado pelo processo de fuga e também pela causa que motivou essa fuga. Por isso, à partida, esta transferência viola de uma só vez a Convenção de Genebra de 51 e também a Convenção Europeia dos Direitos Humanos”, explica.

Segundo Mónica Farinha, com as europeias à porta, a decisão do Reino Unido pode abrir um precedente perigoso.

“O tema da imigração já é um assunto que será certamente discutido no âmbito deste período, que que se aproxima até às eleições europeias e, eventualmente, poderá ficar em cima da mesa esta solução de externalização do Reino Unido para o Ruanda”, alerta.

Apesar de não se saber como é que os outros Estados vão reagir, Mónica Farinha realça que “há quem ache que isto pode abrir um precedente bastante perigoso e que outros Estados poderão reagir da mesma forma”.

“Se todos os Estados reagirem da mesma forma significa que não haverá proteção para ninguém”, assinala.

Apesar desse perigo, Mónica Farinha lembra há países que já condenaram a decisão.

“Os Estados Unidos já vieram criticar esta posição, outros países como a França e a Alemanha, que têm um número muito mais elevado de requerentes de proteção do que o Reino Unido, também já vieram criticar esta abordagem, que é uma abordagem muito chocante pelas razões que eu falei não apenas jurídicas, mas também relativamente a estas pessoas que são refugiados e na prática, são forçados a abandonar os seus países”, conclui.

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  • SAYEDNAZIFULLAH PACH
    01 mai, 2024 Preciso de uma instituição de acolhimento em Portugal para me acolher 13:20
    Olá, senhora ou senhor, sou do Afeganistão, fui policial no governo anterior, trabalhei com a NATO e as forças americanas durante vários anos, mas infelizmente nosso governo caiu nas mãos do Talibã, minha vida está em perigo, porque trabalhei com as forças da NATO. É por isso que o governo talibã se vinga de nós. Enviei o meu pedido de asilo para o gabinete de refugiados do governo português. O governo português concordou com o meu pedido de asilo. Tenho todos os requisitos necessários para ir a Portuga Não tenho instituição de acolhimento em Portugal, preciso da sua ajuda e cooperação, por favor salve a minha vida Com respeito Caro Senhor Sayed Nazif Ullah Pacha,   Acusamos a receção do seu e-mail, o qual mereceu a nossa melhor atenção.   Para podermos analisar o seu pedido necessitamos de mais informações, tais como:   Tem uma entidade de acolhimento em Portugal?  Tem passaporte válido? Tem condições para se deslocar legalmente para um país terceiro, como o Irão ou o Paquistão? Tem dinheiro para viajar para um país terceiro e de lá para Portugal? (Os requisitos acima são todos cumulativos e obrigatórios)   Informamos que o Estado Português tem participado ativamente nos esforços de acolhimento de cidadãos afegãos, desde agosto de 2021, mas não está em condições de proceder à extração de pessoas a partir do Afeganistão ou de assegurar a deslocação para o nosso país a partir de um país terceiro.   Esclarecemos que uma entidade de acolhimento é uma organizaç

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