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Novas Crónicas da Idade Mídia

​Afinal quem governa o país?

10 mai, 2024 - 19:48 • Eduardo Oliveira e Silva, Luís Marinho, Luís Marques e Rui Pêgo

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​Afinal quem governa o país?

Com as recentes eleições legislativas de que resultou a atual composição do Parlamento, Luís Marques disse aqui, nas “Novas Crónicas…”, que o país se arriscava a ter um “Governo do Parlamento”. Tinha razão. A abolição das portagens nas antigas SCUT é um exemplo paradigmático. É cedo ainda, certamente, para se falar de uma “Cheringonça” mas a verdade é que a ação conjugada do Chega e do PS levaram ao desfecho que se verificou no caso das ex-SCUT. Vários analistas e alguns Media têm vindo a alertar para o facto de as oposições poderem impor, sistematicamente, a sua vontade ao Governo, desresponsabilizando-se das consequências dos impactos financeiros nas contas do Estado.

Pela amostra dos casos do IRS e do excedente orçamental que virou défice num abrir e fechar de olhos, parece começar a ser evidente que a batalha política no Parlamento vai desenrolar-se no terreno da comunicação, tirando vantagem quem conseguir construir uma narrativa mais robusta. No fundo, quem explique melhor cada uma das dúvidas que forem surgindo no espírito dos cidadãos. Até agora, aparentemente, o Governo não mostrou qualquer capacidade para vencer esta guerra.

O manifesto da Justiça, subscrito por 50 personalidades da vida pública, responsabiliza claramente o MP pela “queda de duas maiorias parlamentares, resultantes de eleições recentes”, denuncia a atuação “perversa” da Justiça e exige uma “reforma” em “defesa do Estado de Direito Democrático”. O documento tem matérias que merecem reflexão e discussão pública serena, propõe um “sobressalto cívico” que ponha fim à “preocupante inércia” dos agentes políticos em relação à reforma da Justiça, apelando à intervenção do Presidente, Governo e Parlamento.

Desde o início da semana que as televisões acompanham com diretos o deprimente caso da alegada violência de Castelo Branco sobre a mulher dele, Betty Grafstein. Um fenómeno que não se circunscreveu aos canais de notícias. A TVI tem aberto os seus dois jornais diários com o tema, dedicando-lhe boa parte da primeira meia hora. A rapidez com que o MP desencadeou o processo de detenção de Castelo Branco, levado de seguida para interrogatório à presença de um juiz do Tribunal de Sintra, contrasta claramente com a habitual e crónica lentidão do sistema. Neste caso, também é inédita a proteção que foi dispensada imediatamente à vítima o que, regra geral, não acontece. Os números da violência doméstica em Portugal continuam a aumentar. Só o ano passado a PGR registou mais de 30 mil denúncias, mais de duas mil pessoas foram detidas. Pelo menos 22 pessoas morreram por este tipo de crime, sendo que 17 eram mulheres. Os agressores são maioritariamente homens, as vítimas quase sempre mulheres. Só nos três primeiros três meses deste ano, registaram-se 6 mortes. De acordo com o relatório da PGR em cerca de um terço dos casos, trata-se de episódios de reincidência de violência, denunciada e já identificada pela Justiça anteriormente.

O ataque a um grupo de argelinos, instalado num apartamento da baixa do Porto, foi de uma violência sem tamanho. A polícia inclinou-se para um “ajuste de contas” entre grupos rivais, ou para uma “retaliação” face à onda de assaltos na Baixa do Porto, afastando a motivação racista. A verdade é que não há nenhuma evidência de que exista uma relação entre imigração e criminalidade. Esta constatação é atropelada várias vezes por personalidades diversas, com intervenção no espaço público. É claro que nem todos os imigrantes são santos como, de resto, nem todos os indígenas são racistas. Também, por isso, seria desejável alguma reserva nas declarações públicas, designadamente por parte de dirigentes políticos. A realidade da imigração tem de ser avaliada em toda a sua dimensão e não apenas na vertente do racismo.

Em suplemento, nos Grandes Enigmas, “como é que há racismo em Portugal…se os portugueses não são racistas?”, pergunta Luís Afonso, no Bartoon, do Público; os casos e casinhos dos ministros da Saúde e da Defesa será impreparação? Há um Vasco da Gama escondido no interior de cada português? As revelações de Nuno Rogeiro no programa “Leste/Oeste”, da SIC Notícias. Escapou ao jornalismo português o perigo de que fala Rogeiro?

Comentários
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  • Sara
    10 mai, 2024 Lisboa 21:48
    Acabem com o Cplp enquanto é tempo.

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