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Taça de Portugal feminina

“Não há orçamentos que comprem o espírito da equipa”: o surpreendente Racing Power quer ganhar ao Benfica no Jamor

16 mai, 2024 - 11:15 • Inês Braga Sampaio

Beatriz Rodrigues reconhece o favoritismo do Benfica na final da Taça de Portugal, mas confia que o Racing Power, que chegou ao pódio na primeira época de I Liga, pode brilhar no Jamor.

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Beatriz Rodrigues está ciente das dificuldades que o Racing Power enfrentará na final da Taça de Portugal, frente ao Benfica, mas mostra-se ambiciosa. A equipa do Seixal está habituada a superar as expectativas, esta época, e o Jamor é o palco certo para o golpe de teatro final.

“Quem, nos dias de hoje, fala que o Racing Power era um clube para atingir o terceiro lugar e uma final da Taça de Portugal está a mentir", atira a lateral, ainda no início da entrevista à Renascença, de antevisão da final da Taça. É este orgulho no misto de ambição e superação de expectativas que pauta as palavras de Beatriz Rodrigues, antes do último jogo de uma temporada em que o Racing chegou ao pódio logo na estreia na I Liga.

É também assim que o Racing Power espera, pela primeira vez esta temporada, depois de um empate (1-1) e uma derrota (2-1), bater o Benfica: "Acredito que, sendo este o último espetáculo da época - porque acredito realmente que seja um bom jogo -, nós vamos entrar com o que de melhor temos. E se até agora demos tudo dentro de campo, porque fomos levando jogo a jogo, as nossas armas irão ser as que foram usadas até agora e acredito seriamente que vamos conseguir usar armas ainda mais fortes. Iremos tentar vencer, porque é esse o nosso objetivo."

Repete-se o jogo da última jornada do campeonato. O Benfica venceu e, com isso, garantiu a conquista do tetra. Apesar do resultado, Beatriz Rodrigues acredita que foram tiradas ilações importantes.

"No final do jogo, conseguimos retirar uma aprendizagem para levar agora - aliás, nós entrámos para o último jogo olhando para o jogo que era e não já a pensar na final - para a Taça. O nosso terceiro lugar já estava garantido, mas enfrentámos o jogo como a liga realmente merece, com respeito. Sofremos dois golos de bola parada, a bola parada faz parte do jogo, mas conseguimos retirar a maior aprendizagem", assinala.

O Racing Power pode não ser a equipa da casa, na final da Taça de Portugal, no entanto, no Jamor, joga em casa. Beatriz admite que "é um ponto que poderá jogar a favor" da sua equipa. A defesa portuguesa, de 26 anos, também espera ver as bancadas do Estádio Nacional bem preenchidas, mesmo que a maioria dos adeptos vá vestida de encarnado: "O Jamor estando cheio de adeptos irá ser também uma força para o Racing Power vencer e brilhar neste último espetáculo."

Beatriz quer crescer e ajudar a crescer


Beatriz Rodrigues chegou esta época ao Racing Power, depois de ter rescindido contrato com o Braga, no final da temporada passada.

A defesa explica que as pessoas envolvidas com o clube lhe transmitiram "ambição e um querer mais, ou seja, não era um clube já com uma base totalmente estruturada, é um clube em constante crescimento, mas que tem, realmente, muitas ambições de chegar ao topo".

"Como é um clube novato na Liga BPI, primeiro ano de I Liga, não havia muitas expectativas por parte de toda a gente. Aliás, quem nos dias de hoje fala que o Racing Power era um clube para atingir o terceiro lugar e uma final da Taça de Portugal está a mentir, porque, sinceramente não esperava isso. Eu não tinha logo esses objetivos delineados desde o início da época, até porque iria existir um novo plantel, mas era um projeto que me transmitia bastante ambição", diz, nesta entrevista a Bola Branca.

Beatriz sentiu que "conseguiria ajudar o clube, também pelos clubes por que já tinha passado", como Boavista, Amora e Braga, entre outros: "Vim no âmbito de ajudar a crescer e fazer-me crescer individualmente."

Apesar do terceiro lugar do campeonato, à frente, até, do Braga, e a presença na final da Taça superarem as melhores expectativas, Beatriz sublinha que, "intrinsecamente, [estipula] objetivos altos".

"Não gosto de estipular o meio e depois ser mais que isso. Acho que nós, apesar de ser mais ou menos difícil, devemos olhar para o topo e, depois, pode ser possível ou não chegar lá. Mas acho que a nossa ambição há de partir sempre por cima", vinca a lateral, que joga à direita e à esquerda.

A receita para superar as expectativas


A par do percurso histórico do Racing Power, Beatriz Rodrigues está a ter uma das melhores épocas da carreira: cinco golos e cinco assistências em 32 jogos. Questionada sobre a receita para ter estes números, a defesa realça, "acima de tudo, o espírito de entreajuda entre a equipa".

"Acho que isso é um dos segredos. Não há orçamentos que consigam comprar isso e também não há ordenados que paguem isso", declara, antes de adicionar mais um ingrediente: "A entreajuda entre todo o plantel e o clube, desde as jogadoras com menos minutos até à direção."

"O espírito de entreajuda, o espírito de sacrifício, o facto de de algumas vezes não termos condições que se equiparam às equipas mais profissionais e fazermos, do que temos, o melhor que conseguimos. Acho que foi isso que fez a equipa conseguir atingir os números. Porque os números aqui, para mim, são sempre coletivos", acrescenta.

Esses números coletivos, que vão para lá do que cada jogadora registou, são 22 vitórias em 34 jogos, e apenas cinco empates e sete derrotas, com 70 golos marcados e 22 sofridos. Dados coroados com o terceiro lugar do campeonato, logo na época de subida, e a presença na final da Taça de Portugal, que está marcada para domingo, às 17h15, no Jamor.

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