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Quase três em cada quatro alunos LGBTIQ são vítimas de bullying nas escolas

16 mai, 2024 - 14:44 • Lusa

Relatório da Agência dos Direitos Fundamentais da União Europeia divulga dados de 30 países. Indicadores de Portugal são mais altos do que a média europeia.

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Quase 75% dos portugueses inquiridos num estudo europeu sofreram bullying ou foram humilhados na escola por serem da comunidade LGBTIQ, revela um relatório, que alerta para o aumento da violência contra as minorias sexuais nos últimos cinco anos.

O relatório é da Agência dos Direitos Fundamentais da União Europeia (FRA), que responde perante a União Europeia, e que é divulgado a propósito do Dia Internacional contra a Homofobia, Trans e Bifobia, que se assinala na sexta-feira, 17 de maio.

Com o nome "A igualdade LGBTIQ numa encruzilhada", este terceiro inquérito da FRA, que obteve 100.577 respostas de pessoas de 30 países, denuncia o aumento da violência contra as minorias sexuais e de género nos últimos cinco anos.

Na opinião do diretor da agência, Sirpa Rautio, a Europa está perante um "paradoxo" porque, por um lado, as pessoas estão "mais abertas sobre a sua orientação sexual", mas, por outro lado, as taxas alarmantes de violência contam uma história diferente".

O número de pessoas que afirmaram ter sido vítimas de violência aumentou para 14%, um pouco mais do que em 2019, com as pessoas transgénero a serem particularmente visadas. E o assédio afecta agora mais de metade dos inquiridos, em comparação com 37% anteriormente.

A situação é particularmente má na escola, onde dois terços dizem ter sido vítimas de bullying, em comparação com 46% em 2019.

Em Portugal, por exemplo, 74% das pessoas disseram ter sofrido bullying na escola, ter sido ridicularizadas, gozadas, insultadas ou ameaçadas pelo facto de fazerem parte da comunidade LGBTIQ (Lésbicas, Gay, Bissexuais, Trans, Intersexo e Queer), um valor que está nos 67% na média da Europa a 27.

34% dos alunos LGBTIQ afirma esconder a sua condição na escola e 60% respondeu que estes temas nunca foram falados na escola.

Ao nível da saúde, 14% dos inquiridos afirmaram ter pensado em suicídio no ano antes do inquérito, e 17% disse ter-se sentido discriminado no acesso aos serviços de saúde.

Em Portugal, 44% das pessoas que responderam ao inquérito disseram que evitam andar de mãos dadas com o parceiro do mesmo sexo e há 23% que admite evitar certos locais por receio de ser agredido.

No ano antes do inquérito, 38% disseram ter sido discriminados numa qualquer área da vida e 2% revela que foi atacado. Houve 21% que fizeram denúncia na polícia por situações de violência física ou sexual.

36% acha que a violência contra pessoas LGBTIQ em Portugal tem vindo a aumentar e que a intolerância e igual percentagem defende que a discriminação contra estas pessoas tem crescido nos últimos cinco anos.

O diretor da FRA salienta que mais de uma em cada duas pessoas LGBTQ+ fala agora abertamente sobre a sua orientação sexual, identidade e expressão de género, bem como sobre as suas características sexuais.

"Mas a maioria ainda evita segurar a mão do seu parceiro em público por receio de ser atacada", refere a FRA num comunicado de imprensa. É o caso de 60% dos inquiridos em França, em comparação com uma média europeia de 53%.

Na Hungria, onde os direitos das pessoas LGBT+ regrediram nos últimos anos em resultado das medidas tomadas pelo primeiro-ministro Viktor Orban, apenas 3% sentem que o seu governo "combate o preconceito e a intolerância" contra elas, a percentagem mais baixa do bloco, em comparação com uma média da UE de 26%.

A FRA apela aos países membros para que "apliquem uma cultura de tolerância zero" à violência anti-LGBTQ+.

No que diz respeito ao ódio na internet, a FRA recomenda "abordar o risco de preconceito nos algoritmos e garantir que as plataformas digitais cumprem a legislação da UE".

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