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​50 anos 25 de Abril

De João Abel Manta. Cartoons na ditadura e cartazes do MFA em exposição em Algés

05 abr, 2024 - 08:18 • Cristina Nascimento

Considerado o artista gráfico da revolução, João Abel Manta tem obra também noutras áreas. A neta do artista tem andado a passar em revista os pertences da família e descoberto novas obras que vão agora estar acessíveis ao público.

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É inaugurada esta sexta-feira uma exposição sobre o trabalho de João Abel Manta, conhecido por ser o autor dos icónicos cartazes do MFA – Movimento das Forças Armadas e, antes da revolução, de cartoons no “Diário de Lisboa”. É também da sua autoria o colorido painel de azulejos na Avenida Calouste Gulbenkian, em Lisboa, por baixo do Aqueduto das Águas Livres.

Mas se estas serão as obras que o público mais facilmente identifica, a obra de João Abel Manta é mais vasta e pode agora ser descoberta nesta exposição.

O curador Pedro Piedade Marques arrisca dizer que esta será “a maior exposição em termos de mostra da multidisciplinariedade de João Abel Manta e ainda não é toda, ainda falta o trabalho de arquitetura, por exemplo”.

A exposição mostra trabalhos que estavam em caixotes e gavetas nos armários das casas de família. João Abel Manta tem 96 anos, limitações de mobilidade, mas foi acompanhando as descobertas da neta Mariana Manta Aires.

“Eu ia encontrando coisas e ia a casa dele, mostrava e pedia para me explicar o que descobria. Ele foi-se relembrando de todo o trabalho de quase 80 anos”, explica.

Mariana Manta Aires adianta que, por questões de mobilidade, o avô não irá à inauguração da exposição, mas que está “muito contente” com o resultado final.

“Fiz-lhe uma filmagem da exposição já montada e ele está muito orgulhoso e muito contente”, diz, adiantando que já há algum tempo que João Abel Manta tinha por objetivo que fosse feita uma exposição “muito abrangente de todo o tipo de trabalho”.

Nesta exposição é possível ver os famosos cartoons de João Abel Manta, bem como os cartazes do MFA, mas também desenhos feitos enquanto esteve preso em Caxias ou um cartaz sobre a revolução, já posterior à revolução.

Entre os caixotes e gavetas que tem revirado, Mariana Manta Aires encontrou restos dos azulejos feitos para o colorido painel na Avenida Calouste Gulbenkian, em Lisboa, junto ao Aqueduto das Águas Livres. Apesar de não ter formação em arte, Mariana arriscou fazer uma interpretação própria do trabalho do avô, orientada por João Abel Manta.

O resultado final está também em exibição na exposição.

Esta exposição é uma iniciativa da Câmara de Oeiras, pode ser vista no Palácio Anjos, até dezembro de 2024.

É a primeira de duas exposições com obra de João Abel Manta. No mês de abril será inaugurada uma outra, em Gouveia, com o trabalho de Manta mais ligado à revolução de abril.

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