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Crise na Madeira

Eleições antecipadas é a única solução possível para o líder do PS/Madeira

02 fev, 2024 - 14:11 • Manuela Pires

Paulo Cafôfo será cabeça de lista do PS se houver eleições antecipadas na Madeira, anunciou à saída do encontro com o representante da República.

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O Partido Socialista na Madeira não aceita a solução de um novo governo que saia do atual quadro parlamentar liderado pela coligação PSD/CDS, com o apoio do PAN. Paulo Cafôfo esteve reunido na manhã de sexta-feira com o representante da República na Madeira, a quem transmitiu que só aceita eleições antecipadas.

“Para o Partido Socialista, a única solução é essa e não há qualquer dúvida de que teremos eleições antecipadas”, referiu Paulo Cafôfo aos jornalistas. “Face ao contexto que temos - uma megaoperação judicial, a natureza dos factos imputados ao presidente do Governo Regional, que é arguido, um processo que envolve autarcas e vários secretários regionais -, tenho a convicção de que para devolver confiança às instituições, é preciso devolver a palavra ao povo.”

O líder do PS/Madeira, eleito há apenas dois meses, pediu a audiência a Ireneu Barreto depois da reunião do Conselho Regional do PSD ter decidido apresentar um novo governo, para travar novas eleições.

Paulo Cafôfo considera que a atual maioria já não tem condições para continuar a governar a região. e que tem mostrado nos últimos dias que está “mais preocupada em defender os interesses pessoais do que os da região”. Em declarações aos jornalistas, no Palácio de São Lourenço, Paulo Cafôfo citou um dirigente social-democrata que terá dito ontem, na reunião do partido, que “o PSD e o governo parecem um carro desgovernado sem travões por uma ladeira abaixo”.

Na próxima segunda-feira, Miguel Albuquerque vai apresentar a demissão ao representante da República, estando previstas audiências com os nove partidos que têm assento na Assembleia Legislativa Regional para quarta-feira.

Entretanto, o orçamento regional e as moções de censura estão agendados para serem discutidos na próxima semana, nas tudo pode ficar pelo caminho se, na segunda-feira, for assinado e publicado o decreto de exoneração do presidente do governo regional.

Paulo Cafôfo defende que o governo deve ficar em gestão até às eleições, e argumenta que este não tem competência para aprovar o orçamento regional. “É importante que este governo se mantenha em funções até às eleições. Se se efetivar a demissão do atual presidente do governo, o orçamento regional cai.”

O líder do PS/Madeira não perdeu tempo e apelou aos restantes partidos da oposição para se manterem unidos na defesa de eleições antecipadas, revelando que tem mantido contactos com outros partidos para uma eventual coligação à esquerda. “Tenho tido diálogo com os partidos políticos, e apelo à coesão de forma a sermos firmes e não perpetuarmos com esta prepotência antidemocrática por parte do PSD que tem medo de eleições”, disse Cafôfo, recordando o acordo que existe para a Câmara do Funchal.

"Sempre fui adepto do diálogo entre os partidos”, afirmou, para logo acrescentar: “Os partidos que não são cúmplices, nem pactuam com esta situação que aconteceu na região, têm de estar preparados e mobilizados.”

Questionado pelos jornalistas sobre um inquérito que está a decorrer no DCIAP, desde 2018, sobre "eventuais crimes de participação económica em negócio, corrupção ativa, corrupção passiva, tráfico de influências e abuso de poder" relacionados com autarquias da Madeira, Paulo Cafôfo diz que não é arguido em nenhum caso e que todos os factos “são imputados a toda a cúpula de um partido, o PSD e de um governo regional”.

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