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Universidade em Dublin chega a "acordo histórico" com estudantes de protesto pró-Palestina

09 mai, 2024 - 17:41 • Diogo Camilo

Acampamento com cerca de 100 estudantes bloqueou acesso da universidade a turistas e fez a Trinity College perder mais de 350 mil euros em receita. Universidade promete deixar os investimentos em Israel e criar mais bolsas para estudantes palestinianos.

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Por todo o mundo, a última semana tem sido marcada por manifestações pró-Palestina em universidades e confrontos com as forças de segurança. Em Dublin, na Universidade de Trinity, os protestos de estudantes acabaram pacificamente e com um acordo “histórico” que pede o fim das ligações académicas com Israel devido à guerra na Faixa de Gaza.

Cerca de 100 estudantes montaram um acampamento no interior do recinto universitário na passada sexta-feira, dia 3 de maio, bloqueando o acesso de turistas e fazendo a universidade perder mais de 350 mil euros em receitas de visitas ao Livro de Kells, um manuscrito celta com 1.200 anos que é uma das maiores atrações turísticas de Dublin e da Irlanda.

Esta quarta-feira, a Trinity College anunciou o recuo nos nos negócios com empresas israelitas.

“A universidade vai completar um desinvestimento em empresas israelitas que tenham atividades no território ocupado da Palestina e surjam na lista negra das Nações Unidas”, indicou a universidade em comunicado, citado pela BBC, em que se compromete também a rever as trocas de estudantes com Israel.

A faculdade, que diz “perceber a força por trás do acampamento”, refere ainda o compromisso de aumentar o número de bolsas para estudantes palestinianos.

“Condenamos toda a violência e guerra, incluindo as atrocidades de 7 de outubro, os reféns feitos e o contínuo massacre feroz e desproporcionado em Gaza”, avançou o porta-voz da universidade.

Em análise, a Universidade de Trinity adiantou que mantinha apenas ligações com uma empresa israelita, que continuará até março de 2025 por razões contratuais.

Por Portugal, cerca de 50 estudantes acamparam em frente à reitoria da Universidade do Porto esta quarta-feira à tarde, semelhante ao de cerca de 30 estudantes que se situam no átrio da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa.

Em esclarecimento à Lusa, o reitor adiantou que a Universidade do Porto irá verificar se existem projetos com potencial uso militar por Israel e, caso existam, procederá à sua suspensão imediata.

Numa reunião com emissários do coletivo de estudantes em defesa da Palestina, o reitor "esclareceu que a UP não tem relações com o Estado israelita" e que as unidades de investigação que foram identificadas na carta aberta entregue pelos estudantes "fazem parte de consórcios internacionais em que participam instituições de ensino e científicas israelitas, mas sem ligação direta ao Estado", acrescentou fonte da UP à Lusa.

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