Bispos portugueses visitam Papa e Vaticano de 20 a 24 de maio

Os bispos portugueses vão a Roma encontrar-se com o Papa, ainda este mês. A visita Ad Limina – como é designada – vai decorrer de 20 a 24 de maio, mas o programa ainda não está completamente fechado, indicou esta quinta-feira o porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa.

Sem adiantar quais serão os temas em discussão, admitiu, ainda assim, que falar dos abusos na Igreja em Portugal será inevitável. "É um tema incontornável, nem podia ser de outro modo”, afirmou o padre Manuel Barbosa.

Em fevereiro de 2023 a CEP recebeu o relatório da Comissão Independente que, a pedido da Conferência Episcopal, estudou os abusos sexuais de crianças na Igreja Católica entre 1950 e 2022, tendo validado 512 testemunhos. Terminado o trabalho desta Comissão, a CEP criou o Grupo VITA, que está nesta altura a fazer o acompanhamento das situações de abuso sexual de crianças e adultos vulneráveis no âmbito da Igreja e das suas instituições. Segundo avançou já esta semana o jornal Correio da Manhã, pelo menos 30 pessoas já pediram para ser indemnizadas.

JMJ Lisboa e pandemia atrasaram visita dos bispos

O porta-voz da CEP lembrou que habitualmente as visitas dos bispos de cada país ao Vaticano decorrem de cinco em cinco anos. Desta vez o intervalo foi maior, por causa da pandemia e da realização da JMJ em Lisboa.

“A última visita dos bispos portugueses foi já em 2015. Esta acontece nove anos depois, e compreende-se, com os acontecimentos que houve, sobretudo a pandemia…. Podia ter sido em 2023, mas pedimos que não fosse antes da Jornada Mundial da Juventude Lisboa. Era quase impossível fazer em concomitância os dois acontecimentos, por isso é que foi marcada para depois da JMJ”, adiantou.

Mas, que significado têm estas visitas? “Sabemos que Ad Limina significa na entrada, nos limites… No fundo, é a visita às Basílicas de Pedro e Paulo, a que juntaram depois as basílicas de São João de Latrão e de Santa Maria Maior. E é uma visita ao Santo Padre e aos vários organismos da Cúria romana, dos Bispos das dioceses, neste caso de Portugal”, indicou o porta-voz da CEP.

Nos quatro dias em que durará a visita haverá encontros com o Papa e nos vários Dicastérios. O programa oficial prevê quatro momentos de celebração, nas basílicas papais, e uma Missa na igreja de Santo António dos Portugueses, em Roma, além de vários encontros com a comunicação social, para ir dando conta do andamento dos trabalhos.

O padre Manuel Barbosa diz que a visita é uma ocasião “de escuta e diálogo autêntico", como já pôde testemunhar. "Tive a sorte de participar na última visita, em 2015, e notei isso no encontro com o Santo Padre, e nos encontros nos Dicastérios, com os organismos da Cúria Romana”, contou.

O encontro com o Papa será no último dia da vista, a 24 de maio. Participam os membros do Conselho Permanente da CEP, presidido pelo bispo de Leiria-Fátima D. José Ornelas.

Uma reunião em Lisboa, o Jubileu dos Jornalistas e a crise dos media

Os pormenores da visita Ad Limina dos bispos portugueses foram divulgados num encontro com jornalistas, esta quinta-feira, a propósito do 58º Dia Mundial das Comunicações Sociais, que a Igreja assinala no próximo domingo.

"Todos sabem que este dia é dos mais antigos na Igreja", lembrou a diretora do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais (SNCS). A celebração foi estabelecida pelo Concílio Vaticano II, através do decreto ‘Inter Mirifica’, em 1963.

Isabel Figueiredo lembrou os vários alertas do Papa na mensagem que divulgou para este dia, dedicada à inteligência artificial. Num deles, Francisco diz que o tempo em que vivemos corre o risco de ser "rico em técnica e pobre em humanidade".

A diretora do SNCS falou, também, do esvaziamento das redações - que nem sempre tem acautelado a passagem de conhecimentos e competências para as novas gerações de jornalistas -, considerando que "nunca fomos tão fortemente sacudidos na questão da dignidade de quem trabalha na comunicação”.

Neste encontro foi anunciada a realização de um Jubileu dos Jornalistas, que no âmbito do Ano Santo - cuja Bula foi esta quinta-feira assinada pelo Papa Francisco - irá decorrer no Vaticano, de 24 a 26 de janeiro de 2025.

Já na próxima semana, de 14 a 16 de maio, Portugal recebe o encontro anual de assessores de imprensa e porta-vozes dos bispos europeus, organizado pelo Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE), vai decorrer no Seminário de Alfragide, com um programa que prevê momentos culturais e de celebração litúrgica.

“A Humanidade e a Inteligência Artificial: Um olhar sobre o futuro, o compromisso da Igreja” é o tema deste ano, em linha com a mensagem do Papa para o Dia das Comunicações Sociais. Estão previstas três conferências, a primeira “Os desafios da Inteligência Artificial para o Homem”, será de Henrique Leitão, Prémio pessoa, Pró-reitor da Universidade de Lisboa e membro do Comité Pontifício de Ciências Históricas.

Na segunda, sobre “A Igreja no mundo digital entre a informação e a Inteligência Artificial”, participam vários diretores de meios de comunicação católicos de França, Espanha e Croácia. E a terceira, intitulada “A Igreja e a Inteligência Artificial: o olhar da Santa Sé”, estará a cargo do Secretário do Dicastério para a Comunicação do Vaticano, Monsenhor Lucio Adrian Ruiz.

A abertura do encontro será feita pelo presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. José Ornelas, e as conclusões serão apresentadas pelo responsável da secção de Comunicação Social do CCEE, D. Nuno Brás, bispo do funchal.

O CCEE é composto por 39 membros que representam a Igreja Católica em 45 países do continente europeu. Virão a Lisboa representantes de 21 membros do CCEE: Albânia, Alemanha, Áustria, Bósnia Herzegovina, Bulgária, Croácia, Eslováquia, Eslovénia, Espanha, Hungria, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Malta, Mukachevo (Ucrânia), Países Nórdicos, Polónia, República Checa, Rússia e Suíça.