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De “Iniesta de Stockport” a craque do City: o ano mais especial da vida de Phil Foden

20 mai, 2024 - 11:25 • Eduardo Soares da Silva

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A pressão era alta, mas importou pouco. Phil Foden, já coroado como o melhor jogador da época, só precisou de 75 segundos para colocar o Manchester City na frente do marcador no jogo do título, este domingo, contra o West Ham. Foi um espelho perfeito da temporada do avançado.

Tem apenas 23 anos, mas com a experiência de mais de 200 jogos pela equipa principal dos “cityzens”, e fez um movimento repetido várias vezes ao longo da temporada. Recebeu orientado à entrada da meia lua, fugindo à marcação de Ward-Prowse, e colocou a bola no ângulo.

O City acabou por vencer por 3-1, confirmando um inédito tetracampeonato no futebol inglês. Uma história de sucesso complicada e pouco consensual: o clube enfrenta 115 acusações de violação das regras financeiras da Premier League, com desfecho por decidir nos próximos meses.

Numa equipa de super estrelas como Haaland, De Bruyne, Bernardo Silva, Rodri e muitos outros, foi Foden quem mais se destacou.

Apesar de ser aposta regular de Pep Guardiola já há vários anos, Foden deu um salto de patamar nos últimos meses, colocando um ponto final num debate que dura também há várias temporadas: qual a sua melhor posição?

Fruto de um plantel recheado da defesa ao ataque, o percurso do jovem internacional inglês passa por muitas posições: na ala, no meio-campo, até como falso nove. “Posso fazer várias posições, mas prefiro jogar no meio”, disse, já na reta final desta época.

Na verdade, nunca o escondeu, mas Pep Guardiola nunca demonstrou a maior vontade de abdicar de Kevin de Bruyne. Restou a adaptação a outras posições. A lesão grave do belga esta época abriu-lhe espaço.

Os números comprovam a sua preferência: a melhor época de Foden tinha sido 2020/21, com 16 golos e 10 assistências. Ultrapassou esses números com facilidade. Termina a época com 27 golos marcados e 12 assistências, dos quais 19 na Premier League. Sem surpersa, Erling Haaland foi o melhor marcador, com 27 golos.

Foi o quarto o melhor marcador da prova, apenas a três de Cole Palmer, do Chelsea, que foi o segundo melhor marcador.

A história de Foden até chegar a este momento é de quem parece ter estado sempre destinado a este patamar. Natural de Stockport, nos arredores de Manchester, juntou-se cedo à academia do City, o clube que apoiava.

Em 2017, marcou dois na final conquistada do Mundial de sub-17, que lhe valeu a alcunha de “Iniesta de Stockport”. Guardiola deu-lhe a estreia na época seguinte, com 18 anos, e tornou-se o mais jovem de sempre a receber uma medalha da Premier League.

Guardiola manteve-se reticente em elogiar Foden para evitar deslumbramento: “É perigoso falar demasiado bem, porque eles são muito novos e têm de melhorar muitas coisas”.

Era jovem, mas aparentrava ser diferente. Anos antes, tinha censurado as atitudes do polémico Ballotelli, num vídeo que por essa altura viralizou nas redes sociais: "É um bom jogador, mas tem uma má atitude fora do campo". Não teria mais do que 13 anos.

A época seguinte trouxe a confirmação. Marcou sete golos em 26 jogos e, desde aí, vem conquistando o seu espaço como jogador da formação num clube que não tem problemas em gastar milhões atrás de milhões para reforçar a equipa.

Resta ainda a dúvida em relação ao papel que pode ter no Europeu deste verão e Gareth Southgate tem iguais questões na sua posição. Gary Neville diz que “a seleção tem de jogar à volta dele”. “Tem de jogar onde quiser”, afirmou o comentador e antigo internacional.

Foi a época de coroação individual de Foden. Largou-se das amarras da ala e, no corredor central, ajudou o seu clube a fazer história. No total, leva já 87 golos e 52 assistências em 269 jogos pelo City.

É uma época que termina em glória para o City, ainda que tenham falhado o “bi” na Liga dos Campeões. Mas se a história dos “cityzens” e de Foden é um conto de fadas, com recordes atrás de recordes, ou um motivo de preocupação, pode depender da forma como se olha para o clube.

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