16 mai, 2024 - 08:00 • Lusa com Redação
Quase 20% das pessoas admite ter sofrido algum tipo de abuso psicológico em meio laboral, revela um estudo do Laboratório Português de Ambientes de Trabalho Saudáveis (LABPATS).
A coordenadora da pesquisa, Tânia Gapar de Matos, alerta para a falta de conhecimento da população portuguesa sobre o assédio e pede que o tema seja abordado nas organizações e dá o exemplo do bullying nas escolas. "Nas escolas, começou a falar-se mais de bullying e a coisa melhorou (...). Se não tivéssemos feito esse caminho [de falar sobre bullying] isto não tinha acontecido", exemplificou.
A investigadora sublinha ainda que ainda existem pessoas que "não fazem queixa porque acham que [a queixa] vai ficar numa gaveta ou que pode ser prejudicada" e revela ainda que quando apresenta estes dados às organizações, estas "ficam sempre admiradas".
Para a especialista, isto deve-se à falta de atenção dada à saúde mental que diz existir nas empresas, por ser dada prioridade à "resposta da necessidades imediatas". Esta prática pode, no entanto, ser prejudicial no futuro do negócio, dada a dificuldade que estas sentem no recrutamento de quadros jovens. "Eu dou-lhes salário extra, dou-lhes férias pagas, telemóvel, carro e eles vão-se embora" contaram vários empregadores a Tânia Gapar de Matos.
A causa está no facto destes trabalhadores "procurarem outras coisas na vida (...) para se sentirem bem". As preocupações passam por uma maior flexibilidade de horários, autonomia e promoção de saúde mental. São também o grupo que revela menos envolvimento com a sua empresa.
No polo oposto, estão as gerações a partir dos 40 anos, que são as que se envolvem mais no ambiente laboral, mas, ao mesmo tempo, são também as que apresentam o maior risco de burnout e, por isso, são as que "precisam de maior cuidado", estando os profissionais do setor público sujeitos a uma maior pressão.