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Observatório alerta que emigração de jovens vai provocar problemas de natalidade

12 jan, 2024 - 11:17 • Hugo Monteiro , Olímpia Mairos

Para o coordenador científico do Observatório da Emigração, Rui Pena Pires, não é estranho o número de jovens que emigram à procura de melhores salários.

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A emigração de jovens vai provocar problemas de natalidade. O alerta é do Observatório da Emigração, no dia em que o organismo divulga que 30% dos nascidos em Portugal, com idades entre os 15 e os 39 anos, deixaram o país em algum momento e vivem atualmente no exterior. São mais de 850 mil.

Em declarações à Renascença, Rui Pena Pires diz que o quadro da natalidade só não é mais grave por causa dos estrangeiros que entram no país.

“Cerca de metade destes jovens são mulheres, sendo mulheres, isto significa que são mulheres em idade de ter filhos e, portanto, uma parte dos filhos de mães portuguesas estão, neste momento, a nascer, não em Portugal, mas nalguns países de emigração”, assinala.

Rui Pena Pires lembra que “no último ano, para os quais há dados, nasceram 11.000 crianças filhas de mães portuguesas fora” e, em Portugal, nasceram “cerca de 80.000 crianças filhas de mães portuguesas ou de mães imigrantes”.

“Não fosse a imigração, nós estaríamos com taxas de natalidade e uma dinâmica da população mais recessiva do que aquela que já teve”, sinaliza.

Emigração de jovens “não é um fenómeno estranho”

O coordenador científico do Observatório da Emigração refere que não é estranho o número de jovens que emigram à procura de melhores salários.

“Sendo a União Europeia um espaço de livre circulação, é perfeitamente normal que os diferenciais de salários que existem provoquem uma emigração. Seria mesmo muito, muito, muito esquisito que Portugal, estando integrado num espaço de livre circulação, não tivesse uma emigração tão elevada”, observa.

“Portugal e, sobretudo, os países com níveis salariais mais baixos na União Europeia, como são os casos dos países de Leste, como é o caso de alguns países do Sul da Europa, todos eles têm taxas de emigração elevadas. Não é um fenómeno estranho”, acrescenta.

De acordo com o investigador, uma parte dos jovens que emigram “são jovens qualificados, têm, pelo menos, uma licenciatura”.

“Hoje serão perto de 50%, mas, provavelmente, ainda não são a maioria. A maioria, provavelmente, continuará a ser constituída por emigrantes pouco qualificados que não têm uma licenciatura”, diz.

Nestas declarações à Renascença, Rui Pena Pires calcula que estejam a emigrar “à volta de 60, 65, mil pessoas por ano”, ressalvando que não se podem somar todos os números, “porque, também por ano, regressam a Portugal mais de 20.000 pessoas”, o que dá um saldo “da ordem dos 40 e tal mil pessoas no máximo”.

“Entre estes jovens que estão fora, uma parte deles vai voltar. Não podemos tomar este número como um número fixo”, sublinha.

Na visão do investigador, “daqui a alguns anos, mesmo que se mantenha ou diminua ligeiramente a tendência à emigração, basta manterem-se estáveis os retornos para esta relação se alterar e já não temos uma percentagem tão grande de jovens lá fora”.

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