10 out, 2023 - 00:39 • Marisa Gonçalves , com Lusa
O Grupo VITA deu início, esta segunda-feira, a uma formação com as escolas católicas para a prevenção dos casos de abuso sexual de menores.
A coordenadora do grupo, a psicóloga Rute Agulhas, destaca a primeira ação com a Associação Portuguesa de Escolas Católicas (APEC).
“Abrange mais de 30 escolas católicas num universo de 230 a 240 profissionais destas escolas. Teremos depois uma segunda ação agendada para novembro e o objetivo nesta primeira fase é sensibilizar para a problemática da violência sexual e, em concreto, da violência sexual no contexto da Igreja Católica”, adianta à Renascença.
Esta terça-feira arrancam ações de sensibilização junto das comissões diocesanas e um dia depois com os institutos religiosos.
Rute Agulhas diz ser o reflexo de um trabalho dos últimos meses para corresponder melhor às necessidades de cada público-alvo.
“Vamos também nesta fase desenhar o plano formativo para os catequistas e para os professores de Educação Moral e Religiosa Católica. Portanto, ambos estes planos de formação irão começar a ser implementados no início de 2024. Fizemos também uma avaliação das necessidades e tivemos uma ótima adesão, quer dos catequistas, quer dos professores”, aponta.
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Rute Agulhas destaca alguns dos temas relacionados com a problemática da violência sexual que vão ser abordados nestas formações, como a questão da prevalência, as estratégias dos agressores, qual a sintomatologia que por vezes as vítimas apresentam e porque é tão difícil para as vítimas denunciarem.
"Numa segunda parte destas ações de sensibilização falamos da prevenção e falamos também no agir, ou seja, perante uma suspeita ou mesmo uma revelação de violência sexual, o que é que estes docentes e não docentes devem dizer, fazer e a quem pedir ajuda”, acrescenta a psicóloga.
A coordenadora do grupo VITA adianta também que está a decorrer uma ação de sensibilização em articulação com a Ordem dos Advogados, tendo em conta eventuais casos de defesa em tribunal.
“Estamos a falar de advogados que podem defender crianças ou adolescentes e ter como clientes pessoas que cometeram crimes de natureza sexual”, sustenta.
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Desde que foi criado pela Conferência Episcopal Portuguesa, o Grupo VITA recebeu 57 pedidos de ajuda e que continuam a chegar.
“Continuamos a receber pedidos de ajuda que, na sua maioria, são de sobreviventes que já vivenciaram esta situação há algumas décadas. Neste momento estamos numa fase em que estas pessoas estão a começar a ser chamadas para ser ouvidas ou nas comissões diocesanas ou nos institutos religiosos. Muitas delas pedem-nos para as acompanharmos e estamos a fazer encaminhamentos para consultas de psiquiatria e de psicologia.
Em declarações à Agência Lusa, Rute Agulhas adianta que as denúncias de abusos sexuais recebidas pelo Grupo VITA já levaram à suspensão de funções de padres enquanto são ouvidos nos processos de averiguação das suspeitas na Igreja Católica portuguesa, embora sem especificar números.
A coordenadora do grupo VITA promete apresentar novos dados no mês dezembro.