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Feira do Livro de Buenos Aires

Richard Zenith: “Graças a Pessoa muitos escritores portugueses são conhecidos lá fora”

05 mai, 2024 - 08:10 • Maria João Costa

O poeta do Livro do Desassossego continua a ser o grande embaixador, não só da língua portuguesa, como da sua literatura. Neste Dia Mundial da Língua Portuguesa que se assinala também na Feira do Livro de Buenos Aires, em que Lisboa é a cidade convidada, a obra do poeta tem sido a mais procurada

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Por estes dias ouviu-se a poesia de Fernando Pessoa, com sotaque argentino, no espaço da cidade de Lisboa na Feira do Livro de Buenos Aires. O poeta português é um dos maiores embaixadores da língua portuguesa na Argentina.

O “Livro do Desassossego” foi já reposto na livraria do espaço de Lisboa na Feira do Livro de Buenos Aires, depois de esgotar nos primeiros dias. Na capital argentina, por iniciativa da Embaixada de Portugal e da Câmara de Lisboa foi descerrada uma placa de homenagem num jardim da cidade.

À Renascença, a diretora da Casa Fernando Pessoa diz que foi escolhido o versos “Sê plural como o universo” para colocar na placa que foi inaugurada na sexta-feira na presença do autarca de Lisboa.

“É uma forma de Fernando Pessoa passar a fazer parte do dia-a-dia das pessoas de Buenos Aires, desta maneira, numa relação direta com a natureza, ou seja, está literalmente na terra de Buenos Aires esta referência a Pessoa”, sublinha Clara Riso

À Feira de Buenos Aires, a Casa Fernando Pessoa apostou em trazer uma programação ao encontro dos argentinos que gostam do poeta e abrir as portas da última casa habitada por Pessoa em Lisboa.

Tem um espaço num dos pavilhões da Feira do Livro, onde dá a conhecer a Casa Fernando Pessoa por dentro. “Apresenta aos visitantes da feira a casa como museu de literatura, que deixa o convite a que visitem” diz a diretora daquele equipamento cultural.

O espaço da Casa Fernando Pessoa na feira tem sido, contudo, “ocupado” pelos argentinos, mas nem sempre de olhos na exposição. “É um espaço com pufes, onde vejo muita gente sentada, ora a ler, no telemóvel, a namorar, a lanchar, mas invariavelmente tem gente, sobretudo miúdos, gente jovem”, descreve Clara Riso que conclui: “É um gosto vê-los lá sentados e a aproveitar o espaço”.

Questionada sobre se Pessoa continua a ser um embaixador da língua, a diretora da Casa Fernando Pessoa, acrescenta que é também “um dos melhores embaixadores da cidade de Lisboa”.

No mesmo sentido, mas acrescentando ainda mais poder de influência de Fernando Pessoa, está o estudioso e biografo de Pessoa. Richard Zenith que participou numa das mesas programadas pela Casa Fernando Pessoa na Feira do Livro de Buenos Aires reconhece no poeta de a “Mensagem” tem um papel de embaixador não só da língua, como da literatura portuguesa.

“Há alguns anos havia pessoas que diziam: ‘Tanto Pessoa, já enjoa!’. Mas graças a Fernando Pessoa muitos outros escritores são conhecidos lá fora” diz Zenith à Renascença que aos argentinos falou do imenso universo da heteronímia pessoano.

“A heteronímia terá sempre algo de misteriosos. Os estudos continuam. A heteronímia também é importante para percebemos a visão que Pessoa tinha do que é o ser humano. Cada pessoa é muitas”, explica o especialista.

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