26 abr, 2024 - 13:12 • Lusa
As autoridades da Rússia detiveram um jornalista russo que trabalha para a edição local da revista norte-americana Forbes por alegadamente ter difundido informações sobre abusos do exército na Ucrânia, anunciou o seu advogado esta sexta-feira.
Serguei Mingazov está detido em Khabarovsk, no Extremo Oriente russo, por ter republicado "publicações sobre os acontecimentos em Bucha", disse Konstantin Bubon.
O advogado referia-se a um massacre em 2022 de que o exército russo é acusado, apesar de o ter desmentido, nos subúrbios de Kyiv.
"Tanto quanto sei, republicou informações de terceiros, o texto de outra pessoa de outro canal do Telegram", disse Bubon, citado pela agência francesa AFP.
As publicações que motivaram a detenção do jornalista não estão relacionadas com a Forbes, segundo a agência oficial russa TASS.
Mingazov foi detido ao abrigo de um artigo do Código Penal sobre divulgação pública, sob a forma de mensagens fiáveis, de informações conscientemente falsas contendo dados sobre a ação das Forças Armadas, precisou a TASS.
A edição russa da Forbes citou a publicação do advogado do jornalista na página da revista na internet.
"Até ao momento, a Forbes não conseguiu contactar Mingazov", disseram os responsáveis pela revista.
As acusações contra o jornalista podem implicar uma pena de 10 anos de prisão.
Muitos críticos da agressão russa à Ucrânia foram presos com base em acusações semelhantes.
Várias pessoas foram condenadas especificamente por terem denunciado o massacre de Bucha, como o opositor Ilia Iachine, que está a cumprir uma pena de oito anos e meio de prisão.
Em 20 de março, o documentarista Vsevolod Koroliov foi condenado a três anos de prisão por ter denunciado a responsabilidade da Rússia em Bucha.
Em 22 de abril, Yuri Kokhovets, um russo entrevistado na rua pela Rádio Europa Livre/Rádio Liberdade, foi condenado a cinco anos de prisão por ter acusado os militares de "dispararem sem sentido" contra civis em Bucha.
Em janeiro, o ativista dos direitos humanos Gregori Winter foi condenado a três anos de prisão por ter divulgado "informações falsas" sobre os acontecimentos de Bucha.
O exército russo é acusado de ter cometido um massacre na cidade durante a sua retirada da região, na primavera de 2022.
Moscovo recusou as acusações e denunciou uma encenação ocidental, rejeitando os múltiplos testemunhos e provas apresentados pelos habitantes e pelas autoridades ucranianas.
A Rússia aumentou a repressão dos críticos do Kremlin (presidência russa), na sequência da invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022.
Em fevereiro de 2024, o principal crítico do Presidente Vladimir Putin, Alexei Navalny, morreu na prisão em circunstâncias obscuras.