Novas Crónicas da Idade Mídia
O que se escreve e o que se diz nos jornais, na rádio, na televisão e nas redes sociais. E como se diz. Eduardo Oliveira e Silva, Luís Marinho, Luís Marques e Rui Pêgo são quatro jornalistas com passado, mas sempre presentes, olham para as notícias, das manchetes às mais escondidas, e refletem sobre a informação a que temos direito. Todas as semanas, leem, ouvem, veem… E não podem ignorar. Um programa Renascença para ouvir todos os domingos, às 12h, ou a partir de sexta-feira em podcast.
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​PS e Chega vão ter de se habituar

​PS e Chega vão ter de se habituar

17 mai, 2024


O novo aeroporto, as eleições europeias, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e um novo canal de televisão são alguns dos temas abordados nesta edição das Novas Crónicas da Idade Mídia.

O Governo amarrou o país à explicação da decisão sobre a localização em Alcochete do novo aeroporto, que os Media avançaram desde cedo, esta quarta-feira. E o primeiro-ministro, na prometida intervenção para o final do dia, juntou também o TGV e a 3ª travessia do Tejo. Pinto Luz, ministro das Infra Estruturas, foi ao Jornal da Noite da SIC, explicar o enquadramento das decisões tomadas. Aí temos, portanto, o Governo a marcar a agenda, com felicitações a caírem de todos os quadrantes, incluindo José Sócrates. O Governo acertou finalmente na estratégia de comunicação? Aparentemente, PS e Chega vão ter de se habituar.

Os debates que precedem a abertura oficial da campanha para as eleições europeias arrancaram na televisão (SIC), no início da semana, num modelo que parece bastante mais interessante do que o utilizado para as legislativas. Os cabeças de lista da AD, PS, IL e Livre trocaram ideias sobre a Europa, valha-nos isso. Imigração, Defesa e alargamento da União foram os temas centrais do debate que mostrou algumas fragilidades de Marta Temido e revelou uma nova “estrela”, Francisco Paupério, doutorando em Biologia, primeiro candidato do Livre. Trazer para a campanha das europeias António Costa como putativo candidato ao Conselho Europeu, faz algum sentido?

Ana Jorge foi ouvida no Parlamento, onde já esteve Edmundo Martinho. Também foram ouvidas a ex-ministra Ana Mendes Godinho e a atual titular, Maria do Rosário Palma Ramalho. Está ali montado, na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, um embrulho dos antigos a que não parece faltar nada. Quanto mais se vai sabendo, menos se percebe. Quanto mais os protagonistas falam, mais calafrios causam aos simples e pacatos cidadãos. Dos 600 milhões de receitas, só 170 milhões ficam na Santa Casa. A restante parte do bolo é distribuído por várias entidades públicas, entre as quais a presidência do Conselho de Ministros. Porquê? A instituição tem alguma vocação para fazer negócios? A internacionalização do jogo, onde se esfumaram mais de 50 milhões de euros, não era uma miragem, desde o início? As receitas produzidas pela Santa Casa, com particular destaque para os jogos, não se destinam a socorrer os mais frágeis e necessitados? Nesta imensa fogueira de insensatez e inanidade, arde Ana Jorge, que chegou a Provedora há um ano; e, em lume brando, incinera-se a nobre missão de cuidar e dar sustento a enfermos e inválidos e acolhimento a recém-nascidos abandonados.

No próximo mês de Junho (17) chega o novo canal de televisão do grupo MediaLivre, que detém o jornal Correio da Manhã, entre outros títulos. Chama-se News Now (vá lá perceber-se o título em inglês…), vai ocupar a posição 9 em todos os operadores. Trata-se de um canal de notícias, mais exatamente uma talkTV, para concorrer diretamente com SICN e CNN. Carlos Rodrigues, diretor-geral editorial do grupo, em entrevista ao +Marcas, do Eco, explica que “não há crise nos media. Há é uma crise na gestão dos media”. E defende claramente o fim da publicidade na televisão pública.

Em suplemento ao programa, nos Grandes Enigmas, quando o governo adota propostas da oposição, a oposição zanga-se? E acusa o Governo de roubo? Gonçalo da Câmara Pereira anda mesmo a “vender” o PPM aos evangélicos que, integrados nas listas do ADN, representaram cem mil votos nas últimas legislativas? Os hospitais têm falta de enfermeiros; os enfermeiros têm situações laborais precárias. Porque é que os enfermeiros não são integrados nos quadros dos Hospitais? O último relatório do Observatório Ibérico de Media diz que o escalão etário 25/34 é o que menos confia nas notícias. Aqui está um grande desafio para a informação em que acreditamos?

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