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​Eleições na Rússia. Atos de contestação perturbam reeleição de Putin

15 mar, 2024 - 22:35 • Ricardo Vieira, com Lusa

Deitar tinta para dentro das urnas, incendiar urnas e fazer explodir fogo de artifício no interior das assembleias de voto são algumas das ações de protesto noticiadas pela imprensa estatal russa.

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Pelo menos oito pessoas foram detidas esta sexta-feira, primeiro dia de eleições presidenciais na Rússia, por atos de vandalismo e boicote em assembleias de voto.

Deitar tinta para dentro das urnas, incendiar urnas e fazer explodir fogo de artifício no interior das assembleias de voto são algumas das ações de protesto noticiadas pela imprensa estatal russa.

A agência Reuters fala também em alegados ataques informáticos.

A maioria dos incidentes aconteceu na zona de Moscovo; em Voronezh, no sul da Rússia; e na República de Carachai-Circássia, no norte do Cáucaso, indica a agência Tass.

A BBC confirma pelo menos seis atos de protesto contra as eleições presidenciais, que decorrem até domingo.

O Presidente Vladimir Putin, que tem a vitória garantida, acusou esta sexta-feira a Ucrânia de tentar perturbar as eleições e prometeu responder em força.

A votação decorre também em zonas ocupadas da Ucrânia, o que está a ser contestado pela comunidade internacional.

Portugal juntou-se esta sexta-feira à Ucrânia e a dezenas de outros Estados-membros das Nações Unidas na condenação das "tentativas ilegítimas" da Rússia de organizar eleições presidenciais em território ucraniano ocupado.

"A realização de eleições no território de outro Estado-membro da ONU sem o seu consentimento constitui um manifesto desrespeito pelos princípios da soberania e da integridade territorial. Tais eleições não têm validade à luz do direito internacional", advogou o embaixador ucraniano junto da ONU, Sergíy Kyslytsya, rodeado por dezenas de diplomatas, lendo um comunicado conjunto que "condena nos termos mais fortes as tentativas ilegítimas" da Federação Russa.

A nota conjunta recordou uma resolução adotada em 2022 pela Assembleia-Geral da ONU, que já havia declarado que as tentativas da Rússia de realizar os chamados referendos em partes das regiões ucranianas de Kherson, Zaporijia, Lugansk e Donetsk não tinham validade ao abrigo do direito internacional e não constituíam a base para qualquer alteração do estatuto dessas regiões da Ucrânia.

"Reiteramos os apelos da Assembleia-Geral da ONU a todos os Estados, organizações internacionais e agências especializadas das Nações Unidas para que não reconheçam qualquer alteração por parte da Federação Russa do estatuto da República Autónoma da Crimeia e da cidade de Sebastopol, ou das regiões de Kherson, Zaporijia, Lugansk e Donetsk, e se abstenham de qualquer ação ou negociação que possa ser interpretada como reconhecimento de qualquer alteração de estatuto", apelaram.

As dezenas de signatários desta declaração exigiram ainda que Moscovo se abstenha de "realizar eleições ilegítimas" nos territórios ocupados da Ucrânia e que cesse a sua guerra "imediata, completa e incondicionalmente".

"Reafirmamos o nosso apoio inabalável à independência, soberania e integridade territorial da Ucrânia dentro das suas fronteiras internacionalmente reconhecidas, estendendo-se às suas águas territoriais, conclui a nota.

Mais de 50 Estados-membros apoiaram esta declaração, incluindo Portugal, Estados Unidos, Israel, Reino Unido e Alemanha.

Horas antes, também o secretário-geral da ONU, António Guterres, havia condenado a realização pela Rússia de atos das suas eleições presidenciais em áreas ucranianas ocupadas, reiterando a ilegalidade da anexação destas pela própria Federação Russa.

Em comunicado, além de condenar os esforços russos relacionados com a votação hoje iniciada, Guterres recordou "que a tentativa de anexação ilegal de regiões da Ucrânia não tem validade perante o direito internacional".

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