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Segurança

MAI abre inquérito às "súbitas baixas médicas" na PSP que adiaram Famalicão-Sporting

03 fev, 2024 - 22:27 • Ana Kotowicz

Será também aberto um inquérito às declarações do presidente da Sinapol que deixou no ar a ideia de que as legislativas poderiam estar em risco.

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Não um, mas dois inquéritos serão abertos às polícias. A decisão foi tomada pelo Ministério da Administração Interna que quer um inquérito urgente para apurar o que se passou no jogo do Famalicão-Sporting, adiado devido a um número invulgar de baixas entre as forças de segurança. As "baixas súbitas" são exatamente um dos pontos que o ministério de José Luís Carneiro quer ver esclarecido quanto antes. Além disso, também as declarações do presidente da Sinapol, que sugeriu que as legislativas poderiam estar em risco, vão ser alvo de uma investigação.

"O Ministro da Administração Interna (MAI) determinou a abertura de um inquérito aos acontecimentos a respeito do policiamento do jogo Famalicão-Sporting. Será também aberto inquérito a declarações de sindicalista sobre a atividade da PSP no contexto dos próximos atos eleitorais", lê-se no comunicado enviado às redações.

"O Ministro da Administração Interna determinou a abertura de um inquérito urgente, por parte da Inspeção Geral da Administração Interna (IGAI), aos acontecimentos que respeitam ao policiamento, pela PSP, do jogo Famalicão – Sporting, da Primeira Liga de futebol, em especial dos que se reportam a generalizadas e súbitas baixas médicas apresentadas por polícias", esclarece a nota do gabinete de José Luís Carneiro.

No mesmo documento, dá-se conta de que o ministro José Luís Carneiro convocou os responsáveis máximos das forças de segurança para uma reunião, no domingo, às 9h00 no Ministério da Administração Interna. Foram convocados o diretor nacional da Polícia de Segurança Pública e o comandante-geral da Guarda Nacional Republicana.

Declarações do presidente da Sinapol na berlinda

Foi também determinada a abertura de um inquérito, "a respeito de declarações de um responsável sindical relativas à atividade da PSP no contexto dos próximos atos eleitorais, nomeadamente a possibilidade de estar em causa o transporte de urnas de votos".

Embora sem referir o nome, em causa estão as declarações de Armando Ferreira, presidente da Sinapol. “Temo que, se calhar, o senhor primeiro-ministro não vai ficar em funções só até ao dia 10 de março", disse o presidente do Sindicato Nacional da Polícia, este sábado à noite, numa entrevista à CNN Portugal. "Quem transporta os boletins e urnas de voto são as forças de segurança e, se acontecer nesse dia algo semelhante ao que está a acontecer hoje, as coisas podem ganhar uma dimensão maior”, sublinhou o presidente do Sinapol.

“Apelo mesmo ao Governo, e ao senhor Presidente da República, que se apercebam dos alertas que os sindicatos têm feito ao longo destes dias - e que o Governo não resolve”, rematou. Por tudo isso, Armando Ferreira assume que, a 10 de março, dia de legislativas, uma situação semelhante possa vir a acontecer: "Começamos a temer que se, para hoje, houve falta de polícias, poderá haver falta de polícias para 10 de março."

Armando Ferreira disse esperar que esse cenário não venha a acontecer. “Quero acreditar que isso não vai acontecer" - frisou - "Mas eu não controlo os meus colegas. Eu não tenho mão nos meus colegas.”

Famalicão-Sporting adiado por falta de policiamento

Durante a tarde de sábado, e depois de sucessivos adiamentos ao início do jogo, o Famalicão e Sporting, da 20.ª jornada do campeonato, acabou por ser adiado por acordo dos clubes, para data ainda a definir. A Liga de Clubes, que anunciou a decisão em comunicado, exigiu ao Governo a abertura de um processo de inquérito com caráter de urgência - e que horas mais tarde se confirmou com a nota do MAI.

O motivo para o adiamento da partida, inicialmente marcada para as 18h00, foi o facto de 13 dos 15 agentes da PSP destacados para o jogo terem metido baixa médica. Segundo o comunicado da Liga, as informações recebidas por parte do responsável pela força policial presente no Estádio Municipal de Famalicão foi a de que não existiam condições de segurança para a realização do jogo, embora na semana anterior tenham sido garantidas, "por parte das autoridades, todas as condições de segurança para a realização da partida".

"Número não habitual" de baixas foi a explicação da PSP

Estava tudo pronto para o Famalicão-Sporting, mas "um número não habitual" de agentes a comunicarem baixas médicas, pouco antes do início do policiamento da partida, obrigou a PSP a dizer que não tinha como garantir as condições de segurança.

"Antes do início do policiamento ao evento, um número não habitual de polícias informaram que se encontravam doentes, comunicando baixa médica. A PSP prontamente acionou meios policiais de outras unidades de polícia, meios esses que também vieram a comunicar situações de indisposição, com deslocação para unidades hospitalares", explicava-se num comunicado.

Embora tenham sido acionados meios da Força Destacada da Unidade Especial de Polícia no Porto e da Guarda Nacional Republicana, "visando reforçar o policiamento ao evento", não foi suficiente.

"Tendo existido alguns incidentes de ordem pública junto ao Estádio Municipal de Famalicão, mesmo tendo sido possível reforçar as imediações do mesmo, a PSP, em coordenação com o organizador e o promotor do evento, decidiu que não se encontravam reunidas as condições necessárias para a realização do jogo", pode ler-se.

Para já, não há data para a realização do jogo.

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  • José J C Cruz Pinto
    04 fev, 2024 Ílhavo 04:01
    Notícias ou indícios de sabotagem de veículos de serviço, falsas baixas médicas, mal veladas ameaças de boicote aos preparativos para as eleições, ..., participação (pelo menos passada) em manifestações de marginais, ... Não há ninguém na Polícia a pedir ser metido na cadeia por flagrante delito?
  • Anónimo
    04 fev, 2024 Lisboa 00:54
    Bando de calões que não querem trabalhar... O Mamadou é que tinha razão.
  • Joaquim Correto
    03 fev, 2024 Paços 22:57
    É claramente uma caso de baixas fraudulentas! Independentemente dos policias terem ou não razão, aqui neste caso têm que ser responsabilizados!

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